pela chef RafaelaThomé – em referência à cozinha afetiva
Cozinho desde muito cedo e após uma transição de carreira assumi o gosto pelo avental e fogão, criando uma cozinha artesanal com base na culinária afetiva: A Cozinha Bendito. O primeiro prato do cardápio foi Nhoque de Espinafre com molho de Linguiça Blumenau e Bacon. Em Santa Catarina, essa linguiça tem papel de destaque na culinária regional e faz parte da mesa de todos os amantes de embutidos.
Interessante que essa receita nunca fez parte da minha vida e nem a linguiça tipo “Blumenau”… até pouco tempo antes, considerava que a culinária afetiva vinha das memórias vividas do cozinheiro e ponto. Nossa… quanto caminho me esperava!
Voltando a receita: Ela surgiu após um workshop focado em diferentes preparos de nhoque e combinações de molhos. Ali percebi que somente quem ama muito o que faz e a quem vai servir é capaz de encarar tantas variáveis que podem causar o insucesso da receita e aquela bagunça de farinha nas bancadas.
Saí de lá com uma missão: criar a minha própria receita: o mais leve nhoque do mundo (mesmo que se resumisse ao “meu mundo”), acompanhado de um molho incrivelmente aromatizado e que fizesse qualquer um voltar à infância.
Olha… quantos testes, erros até acertar!
A receita eu vou passar para vocês, e, aproveito para contar que o susto e drama da farinha espalhada por todo lugar passou. Inclusive ela assumiu outro papel: servir de quadro enquanto escrevo com os dedos palavras afetivas durante a produção.
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: depende… aqui começa o exercício da paciência e afetividade 😊
NHOQUE:
700g de batata Asterix
250g de farinha de trigo
1 ovo
80g de parmesão ralado
Noz moscada a gosto
Sal a gosto
Cozinha a batata com a casca e amasse ela sem a casa ainda morna e deixe esfriar – não pode manuseá-la morna, acredite! Nada e ir colocando farinha nesse momento, ok?
Junte o parmesão e o ovo*, o sal (se precisar após provar com o queijo junto) e rale um pouco de noz moscada.
Coloque um tanto de farinha e vá juntando com a batata com colher, com carinho… amor, muito amor. Não é pão para sovar, tá? Talvez não precise de toda farinha, talvez precise de mais algumas gramas… o ponto é desgrudar da mão.
Polvilhe a bancada com farinha, faça cobrinhas e corte bem bonito com a faca.
Água, bastanteeee água fervendo, uma pitada de sal… coloque de 20 em 20 bolinhas e assim que elas subirem conte 1, 2, 3… 7… tire e coloque num bol com água fria e ainda uns cubos de gelo. Depois do choquinho, pode colocar no prato de servir e por cima… aquele molho bemmm, mas bemmmm quente! Fim.
Ah… o *ovo, vamos começar com ele: Um maço de espinafre (folhas) coloca na água fervendo por 1min e depois que amornar espreme para tirar todo liquido. 1 ovo no liquidificado e esse macinho reduzido em nada junto. Bate, bate… uns 2min e você tem o substrato verde para colocar no nhoque e ele ficar do Hulk 😊
Se quiser que seja nhoque das princesas, faça o processo com beterraba… 😊
MOLHO:
Uma volta de linguiça Blumenau
200g de bacon sem a pele picado bem miúdo
Tantinho de alho
Tantinho de cebola bem picada
500g molho pomodoro que você fez antes
4 tomates sem pele e semente
Fio de azeite
100ml de vinho branco dos bons, nada de economizar e colocar colonial, não orna
2 folhas de louro
1 raminho pequeninho de tomilho
Sal e pimenta moída na hora a gosto
Eu gosto de fazer numa frigideira grandona e começo com a linguiça sem pele rasgada com a mão em pedaços pequenos junto do bacon fritando no fio de azeite. Quando fizer uma crostinha dourada no fundo coloco o vinho e as ervas. Quando ficar seco outra vez, abro um ninho e coloco a cebola e alho… e quando ficar seco…kkkk, coloca o molho de tomate, os tomates e ali a alquimia acontece por uns 30min de cozimento em fogo bemmmm baixinho.
Junte o molho com o nhoque e pronto!
Fácil, né? Só que não… porque a batata pode estar úmida, você pode demorar pra juntar a farinha e o glúten fazer a festa, não esperar a batata ficar fria…, mas depois que a gente acerta, nossa!!! É daqueles pratos de comer ajoelhado agradecendo!